Agências e veículos de comunicação são decisivos no combate à desinformação sobre as enchentes no Rio Grande do Sul

Veja os principais sites e perfis de checagem que estão atuando diariamente

Andrei dos Santos Rossetto

Reportagem de Eduarda Wisniewski e Anita Ávila

Agências e veículos de comunicação se tornam essenciais em meio a enxurrada de desinformações sobre as enchentes no RS

A grande enchente que assola o Estado do Rio Grande do Sul virou centro das atenções da grande mídia brasileira e mundial. Porém, com essa enxurrada de vídeos, textos e imagens circulando nas redes, também se proliferaram as notícias falsas, mais conhecidas como “fake news”. Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que as mídias sociais vêm contribuindo incisivamente para a proliferação de desinformação. Um exemplo disso é que uma em cada três publicações no X, em média, tentam descredibilizar o poder público. 

Para o professor de comunicação e desinformação da PUC do Rio Grande do Sul Marcelo Crispim esse movimento dificulta muitas vezes o trabalho das autoridades e instituições envolvidas no evento de se comunicar com as comunidades vulneráveis, podendo gerar um prejuízo significativo no auxílio às vítimas. “O impacto é potencialmente grande, de duas formas. Um é na própria ação ou falta de ação das pessoas, que decidem ajudar menos ou atuar menos por conta dos temores. O outro impacto possível é a diminuição da confiança em geral, que é um fator fundamental para se lidar em momentos de crise, confiança uns nos outros, no poder público, nos voluntários”, salienta. 

Além disso, vídeos sem contextualização trouxeram muita dor de cabeça para checadores e o próprio poder público e entidades. A informação falsa de que caminhões com doações de fora do Estado estavam sendo impedidos de trazer os donativos por falta de nota fiscal viralizou. Foi compartilhada por influencers e rapidamente alimentou o discurso de que o poder público não ajuda. Devido a isso, o Secretário-chefe da Casa Civil do governo gaúcho, Artur Lemos, teve que vir à público, por meio de um vídeo divulgado no perfil do governo do RS no instagram, afirmar que essa informação não era verdadeira. 

Crispim acredita que o combate à onda de desinformação sobre as enchentes passa por um trabalho que antecede a viralização deste tipo de conteúdo. “Existem duas maneiras. Alguns pesquisadores falam de checagem prévia. Já checar rumores antes mesmo de eles se espalharem, atacando narrativas comuns, que se sabe que vão espalhar. Outro ponto é demonstrar como a desinformação impede que confiemos uns nos outros, e que isso pode ser nocivo.”

E como uma forma de frear esse fluxo intenso de desinformações, uma força tarefa vem se formando entre profissionais e empresas de comunicação para dar suporte à população no momento de verificar se uma informação é mentira ou verdade. Veja abaixo alguns serviços que podem auxiliam na hora da sua pesquisa:

Sites de checagem:

Fato ou Fake

O G1 desde 2018, e em conjunto com vários jornalistas do O Globo, Extra, Época, Valor, CBN, GloboNews e TV Globo, vem investigando e checando notícias através do projeto FATO OU FAKE. Além de esclarecer mensagens duvidosas pelas redes sociais, grupos de mensagens, o Fato ou Fake também está atuando na apuração das principais notícias da enchente no sul do Brasil. Uma das informações desmentidas pelo grupo, relata que é falso que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços teria limitado as doações internacionais para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul somente a bens usados.Além disso, por meio de um número de WhatsApp, usuários cadastrados poderão ver os links das checagens já realizadas até o momento.

Agência Lupa

Como uma agência sem fins lucrativos, a Agência Lupa possui algumas etiquetas que auxiliam o leitor a entender como determinada notícia foi verificada, entre elas, “falso”, “verdadeiro”, “contraditório” (quando a informação divulgada é contraditória à outra difundida pela mesma fonte anteriormente), “ainda é cedo para dizer”, “insustentável” e “de olho”, quando a informação ainda está em investigação e monitoramento. Notícias difundidas e relacionadas à crise climática do RS podem ser conferidas no “Vejo o que já checamos sobre o RS”, através do site da agência.

Aos Fatos

Como símbolo do jornalismo independente no Brasil, a aos Fatos também se junta a comunicadores como um site de fact-checking, com atuação constante nas notícias que envolvem as enchentes. Nelas, é possível encontrar textos com três classificações, sendo, Verdadeiro, Falso e Não é bem assim. Além disso, para informações mais específicas da tragédia, o leitor pode se dirigir à página “Veja tudo o que já desmentimos sobre as enchentes no Rio Grande do Sul”, e percorrer por uma série de reportagens de grande aprofundamento, que podem ter sido comprovadas ou desmentidas. Uma das informações mais recentes e com classificação “Falso” pelo site, é o esclarecimento que Israel não enviou 40 aeronaves ao Rio Grande do Sul. 

Comprova

Liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e reunindo jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros, a Comprova segue atuando e sinalizando irregularidades nas informações que circulam no RS. Uma delas comprovou que é enganoso que o empresário Luciano Hang, das lojas Havan, tenha mais aeronaves atuando no Rio Grande do Sul que a Força Aérea Brasileira. A iniciativa, ainda propõe alertar os leitores logo na capa das matérias com classificações, como falso, sátira, enganoso e contextualizando.

UOL Confere

O espaço de checagem e esclarecimento da Uol também é um serviço que vem destacando temas relevantes e abordados em solo gaúcho. Através deles foi possível entender que um vídeo circulando na internet, na qual uma máquina estaria destruindo doações, é falso. Os leitores podem ainda enviar dúvidas por email e via whatsapp para o veículo.

Estadão Verifica

O núcleo de checagem do Estadão possui uma página exclusiva para notícias checadas sobre a enchente no sul, através do “Confira as checagens do Estadão Verifica sobre as chuvas no Rio Grande do Sul” é possível ler todas informações já submetidas à investigação. Caso queira verificar alguma informação, o site disponibiliza um whatsapp para contato. Com isso, o Estadão pode conferir e desmentir que a Anvisa teria impedido cargas de medicamentos chegarem ao RS.

Perfis de checagem:

Sleeping Giants BrasilComo uma organização progressista de ativistas digitais, a Sleeping Giants Brasil teve a iniciativa de receber mensagens e denúncias de informações focadas na enchente do RS. E isso se dará através de sua rede de whatsapp que comporta mais de 14 mil usuários. No Instagram a organização também possui um perfil para investigar notícias, o intuito é se comprovada a não veracidade dos fatos, é denunciar os perfis com conteúdos falsos até que sejam removidos das redes sociais.