No Dia Internacional contra a LGBTfobia, Casa de Referência Mulheres Mirabal reabre em novo endereço e abriga mulheres trans vítimas da enchente

Andrei dos Santos Rossetto

Reportagem de Anita Ávila

Marca da Casa de Mulheres Mirabal. Foto feita por Sofia Villela.

Marca da Casa de Referência Mulheres Mirabal – Foto: Sofia Villela

Nesta sexta-feira (17), celebra-se o Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, data em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) removeu a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças, em 1990. Este dia enfatiza a relevância de fortalecer as leis e direitos destinados à proteção e a igualdade para pessoas LGBTQIAPN+.

Em meio às enchentes do Rio Grande do Sul, grupos minoritários são os mais vulneráveis às perdas e aos danos causados pelos alagamentos. Pensando nessa condição, a Casa de Referência Mulheres Mirabal tornou-se a principal referência de acolhimento para mulheres trans em Porto Alegre. Há 7 anos a organização já vem acolhendo mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social, contando com ajuda voluntária e apoio de integrantes de movimentos sociais.

Na sexta-feira (10), depois de uma semana com a sede alagada, as mulheres tiveram que abandonar o local, no bairro São João, na zona norte de Porto Alegre. A solução foi montar um novo abrigo, na escola General Ibá Ilha Moreira, na zona leste da cidade. O local recebe auxílio da Associação da Cefer 2, grupo de mulheres responsáveis pelas refeições. Hoje, o abrigo tem 15 pessoas, mas a capacidade é para até 42 desabrigadas. O preenchimento das vagas acontece a partir de um cadastramento fornecido no perfil no Instagram da Casa de Referência Mulheres Mirabal, que também tem um telefone para emergências.

Faixa do abrigo na entrada do novo endereço – Foto: Sofia Villela

A voluntária Rhuna, integrante do Movimento Correnteza, foi uma das vítimas da enchente e conta que buscou um abrigo onde se sentisse segura e bem acolhida. Como mulher trans, ela comenta que o 17 de maio é mais um dia para enfatizar a importância da luta contra o preconceito social e pelos direitos das pessoas LGBTQIAPN+.

Rhuna, uma das vítimas das enchentes. Foto feita por Sofia Villela.

Rhuna conta sua história para a equipe do LabJ – Foto: Sofia Villela.

Max, outra mulher trans abrigada, explica que as gurias da Mirabal auxiliam e ajudam em tudo o que for necessário. Ela relata que também se sente mais segura em abrigos que abraçam a pauta LGBTQIAPN+. Mas Max, ao contrário de Rhuna, não sabia que havia um dia internacional contra a homofobia, a transfobia e a bifobia. 

Assim como outros abrigos que também acolhem famílias LGBTQIAPN+, a Casa de Referência Mulheres Mirabal sempre ajudou muito o movimento social de minorias antes das enchentes. O movimento acaba sendo referência aos demais abrigos e instituições envolvidas na causa. O 17 de maio, assim como afirma Rhuna, é um dia que destaca os desafios enfrentados pelas pessoas LGBTQIAPN+ em sua batalha cotidiana contra a discriminação, a violência e o isolamento social. Ao destacar suas experiências, a data promove a conscientização da sociedade sobre a seriedade e a frequência desses problemas. Não é apenas um lembrete anual, mas um constante apelo por justiça e igualdade.