O comércio em POA 60 dias após enchente

Marco Aurélio Charão

“Momento pesado e difícil, por ter que recomeçar do zero. Tem que ter força para dar continuidade no negócio para reformar tudo.” Esse é o relato de Cassio El Kik, de 55 anos, dono de uma lancheria na Estação Rodoviária há 24 anos. O estabelecimento está fechado desde a manhã do dia três de maio. E desde então não conseguiu voltar para a sua rotina de trabalho. 

Cassio lembra que na pandemia já havia passado por um momento difícil por ter que paralisar as atividades por um mês. Porém, daquela vez não perderam as mercadorias. Ele calcula que, somando as reformas, perda de mercadorias e reparos, o prejuízo passa de 200 mil reais.

Na metade de junho, a limpeza começou a ser feita por uma empresa contratada e, no final de junho, seguem limpando com os 12 funcionários que a lancheria tem. Durante esse tempo, a loja conseguiu manter em dia o pagamento. 

Foto: Lancheria El kik no período das enchentes

Nesse período das enchentes, foram impactados diretamente 45.970 CNPJs segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMEDT). Essas empresas estão localizadas nos bairros Sarandi, Anchieta, Humaitá, Farrapos, São Geraldo, Navegantes, São João, Floresta, Centro Histórico, Praia de Belas, Menino Deus, Cidade Baixa, Vila Assunção, Cristal, Lami, Serraria, Arquipélago e Ponta Grossa. 

“Com a enchente, a compota 14 se rompeu, logo após isso cortaram a energia. E a água começou a alagar mais rapidamente o bairro.” É o que relata Caio de Santi, de 49 anos, um dos sócios da 4beer, que teve uma das cinco unidades diretamente afetada pelas enchentes. Localizada no 4° distrito, foi a primeira vez que a água entrou no estabelecimento. “Sempre que chove, o rio sobe, mas até o mês de maio desse ano, nunca havia tomado essas proporções”.

A respeito dos prejuízos, o cálculo somente da unidade diretamente afetada chega a 500 mil reais, fora a falta de faturamento devido ao tempo que as demais unidades ficaram fechadas.Na última semana do mês de junho, o comércio reabriu parcialmente. Mas o cardápio está reduzido, pois a fábrica ainda não está produzindo e a cozinha não está 100% operacional. Na rua ainda tem lodo e entulho, o que acaba dificultando o acesso dos clientes.

Para essa nova retomada, o 4Beer conta com a ajuda dos seus clientes. Caio fala que a empresa criou um plano de investimento, como uma forma dos clientes contribuírem na reestruturação. Os interessados em ajudar podem contribuir com quantias de no mínimo 5 mil reais e vão receber em até 36 vezes com juros.

Outra ajuda vem do SebraeTec Supera, que oferece uma consultoria gratuita para empresas que foram diretamente afetadas pela enchente. Um consultor vai no local e analisa quais equipamentos precisam ser reestruturados, e de acordo com o porte da empresa, recebe um valor máximo que pode ser gasto nessa reforma. A responsabilidade da compra fica com a empresa. Após 30 dias, o Sebrae faz o ressarcimento.

A prefeitura de Porto Alegre por meio da SMEDT desenvolveu um painel informativo, para divulgar informações sobre as atividades atingidas nas enchentes. Para ter mais informações sobre o painel, acesse o link a seguir: atividades atingidas.