As candidaturas mais caras à prefeitura de Porto Alegre

Gastos chegam a quase R$ 12 milhões

Lucas Polidori Azeredo

Luciano Silva/Reprodução

A corrida pela prefeitura de Porto Alegre é, também, uma disputa no campo das finanças. Juntos, os oitos candidatos da Capital já gastaram quase R$ 12 milhões. Candidaturas menores, com orçamentos pequenos, lutam pelo seu espaço contra partidos mais poderosos, que gastam milhões em propagandas e em grandes estruturas de campanha.

Maria do Rosário (PT) – R$ 5,6 milhões

A candidata petista, principal adversária do atual prefeito Sebastião Melo, está investindo pesado na campanha. R$ 5,5 milhões gastos até o dia da veiculação da matéria, sendo mais da metade na área da comunicação. 

As principais despesas foram os quase R$ 2 milhões para uma produtora cinematográfica e R$ 1,2 milhão para uma agência de comunicação e planejamento, ambas de empresas de São Paulo. Outra área de grande interesse de Maria do Rosário é a panfletagem e atos de militância, tendo contratado dezenas de pessoas para realizarem tais ações nas ruas de Porto Alegre.

Juliana Brizola (PDT) – R$ 3,6 milhões

Apesar de ter uma verba consideravelmente menor do que a dos líderes na intenção de voto, Juliana Brizola foi a segunda que mais gastou. Na briga com a candidata do PT, Maria do Rosário, pela vaga no segundo turno, Brizola investiu forte em propagandas em rádio e tv. Percentualmente, entre as maiores candidaturas da capital, ela é a que dedicou mais parte do dinheiro à essa área.

A “joia da coroa” da campanha de Brizola é a contratação de uma agência gaúcha para criação e produção audiovisual, no valor de R$ 1,6 milhão. O investimento parece ter dado efeito, uma vez que a candidata do PDT subiu, desde agosto, de 11% para 17% na pesquisa Quaest.

Sebastião Melo (MDB) – R$ 1,9 milhão

Sebastião Melo, candidato à reeleição, é o favorito para ganhar as eleições em Porto Alegre. Contudo, gastou apenas um quarto do seu orçamento de R$ 7,7 milhões. O valor “baixo” se dá justamente pela liderança de quase 20 pontos percentuais sobre Maria do Rosário na pesquisa Quaest.

O foco do atual prefeito é a mídia, destino de mais de 60% do dinheiro até agora. Entre as contratações, uma produtora cinematográfica da capital gaúcha e agências de comunicação.

Felipe Camozzato (Novo) – R$ 499,8 mil

Correndo por fora, quase todo o orçamento de R$ 517 mil da candidatura de Camozzato já foi gasto. O principal emprego do dinheiro, além da grande estrutura de campanha, foi na comunicação digital. 

Entre os investimentos, o serviço de duas agências de marketing e publicidade, totalizando R$ 189 mil, impulsionamento de conteúdos nas redes sociais, isto é, aumento do alcance de publicações via pagamento à plataforma escolhida, e um editor de vídeos, que produz os famosos “cortes” de entrevistas e falas de Camozzato. 

Luciano do MLB (UP) – R$ 57,2 mil

Candidato da Unidade Popular pelo Socialismo, Luciano Schafer, conhecido como Luciano do MLB, seguiu a linha de campanhas tradicionais dos “partidos de rua”: panfletagem, boca a boca e encontro com populares. Com quase nenhum gastou na comunicação, empregou a maioria do dinheiro em publicidade com materiais impressos. 

O candidato ainda fez uma doação significativa para a candidatura coletiva de Pri Voigt com Mulheres Mirabal, doando o equivalente a R$ 12,4 em panfletos para a chapa – para saber mais mais sobre o fenômeno das candidaturas coletivas, leia a reportagem publicada pelo Lab J no início de setembro.

Fabiana Sanguiné (PSTU) – R$ 56,4 mil

Fabiana Sanguiné decidiu estruturar sua campanha, contratando advogados, assessores políticos e outros serviços que candidatos maiores tem. Mesmo assim, a candidata não abandonou as raízes do PSTU e destinou parte de seus recursos para a panfletagem e outros materiais impressos, costume dos partidos de extrema-esquerda.

Carlos Alan (PRTB) – R$ 4,5 mil

Carlos Alan, do PRTB, mesmo partido do coach Pablo Marçal, tomou como base o modelo do candidato paulista ao investir em impulsionamento de conteúdos online. Com minúsculas chances de assumir a Prefeitura, Alan usa o meio digital para tentar ganhar, futuramente, notoriedade no debate político da capital.

Cesar Pontes (PCO) – Nenhum gasto

Cesar Pontes, do Partido da Causa Operária, não tem recursos para sua campanha. Para Luciana Weber, na reportagem sobre o orçamento das candidaturas, Cesar alegou irregularidades na prestação de contas e vê o processo como perseguição política. De acordo com o candidato, “o partido está realizando uma campanha nacional de arrecadação para produção de material de propaganda eleitoral”. Contudo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que o PCO recebeu R$ 3 milhões do fundo eleitoral.

Recursos recebidos

Ontem (19), a repórter do Lab J, Luciana Weber, publicou uma matéria sobre quais candidatos receberam mais verba para as suas campanhas à prefeitura de Porto Alegre. Entre os três com maior investimento, figuram Maria do Rosário (PT) com R$ 8,9 milhões, Sebastião Melo (MDB) com R$ 7,6 milhões e Juliana Brizola (PDT) com R$ 4,7 milhões. Na mesma reportagem, foi explicado a divisão do fundo eleitoral e porque cada partido recebe uma fatia diferente do bolo, totalizado em quase R$ 5 bilhões para este ano.

O que acontece com o dinheiro que sobra?

As chamadas “Sobras de Campanha” são divididas em três pontos: o restante dos recursos não gastos; bens e materiais adquiridos e/ou recebidos; e créditos não utilizados para impulsionamento de conteúdo nas redes sociais.

    Essas “sobras”, portanto, serão enviadas para os diretórios municipais do partido. Caso o dinheiro tenha vindo do fundo partidário, esse valor volta para a conta bancária relativa ao próprio fundo. O restante, que tenha vindo de outros lugares, vai para outra conta bancária.

    Porém, tudo que veio do fundo eleitoral não é considerado uma sobra de campanha, portanto deve ser devolvido na sua totalidade ao Tesouro Nacional. A prestação de contas das chapas precisa conter exatamente o valor excedente. Quaisquer bens comprados com dinheiro do fundo serão vendidos e a quantia arrecadada na transação também irá ao Tesouro Nacional.