Porto Alegre avança na representatividade política

Pluralidade de vozes políticas promete ampliar debates sobre igualdade e inclusão

Gustavo Fontella

As eleições de 2024 em Porto Alegre marcaram um ponto importante na representatividade política da cidade, com um avanço significativo em termos de diversidade. A participação feminina, juntamente com a presença mais visível de LGBTQIAPN+, transformou a composição da Câmara Municipal. Os dados das eleições de 2016, 2020 e 2024, demonstram uma mudança gradual, porém decisiva, no perfil dos vereadores eleitos, levantando questões sobre inclusão, desafios sociais e o impacto dessas mudanças na formulação de políticas públicas.

No pleito de 2016, as mulheres ocupavam apenas cinco cadeiras na Câmara, uma pequena minoria de 13%. Em 2020, esse número mais que dobrou, com 12 mulheres eleitas, um marco importante para os movimentos feministas e de incentivo à participação política feminina e as vereadoras chegaram a um terço dos eleitos. O número se manteve estável em 2024, com 11 mulheres conquistando vagas na Câmara.

Outro marco das eleições de 2024 foi a inclusão inédita de informações sobre a orientação sexual dos candidatos.  O registro de candidaturas divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que dos 35 vereadores eleitos, um se identificou como gay, duas como bissexuais e nove como heterossexuais. A visibilidade ampliada dos candidatos LGBTQIA+ reforça a importância de debates sobre os direitos dessa comunidade, especialmente em relação a políticas de combate à discriminação e proteção de direitos civis. No entanto, 23 vereadores eleitos – a maioria de partidos conservadores -, optaram por não declarar sua orientação sexual. Vale destacar ainda que, pela primeira vez, a cidade elegeu duas travestis: Atena (PSOL) e Natasha (PT). 

Redução na bancada negra 

A representatividade racial teve uma queda em 2024. Em 2020, havia cinco vereadores pretos e um amarelo. Agora, o número caiu para apenas dois pretos. A transformação é explicada pelo sucesso dos eleitos em 2020 nas eleições para a Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados em 2022: Bruna Rodrigues (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL) e Laura Sito (PT) foram eleitos deputados estaduais e Daiana Santos (PCdoB) deputada federal. A única a ser reeleita foi Karen Santos (PSol), que agora tem como companheira de bancada Grazi Oliveira (PSol). Outro ponto foi a mudança de autodeclaração racial do vereador Jonas Reis (PT), que se identificou como amarelo em 2020 e como branco em 2024.

Média de idade tem queda, mas segue acima dos 45 anos

A idade média dos vereadores também passou por uma leve redução. Se em 2020 a média era de 47,8 anos, em 2024 esse número caiu para 46,5 anos, sugerindo um equilíbrio entre juventude e experiência, refletindo as diferentes demandas do eleitorado. 

A expectativa agora recai sobre como essa nova configuração da Câmara Municipal vai impactar a formulação de políticas públicas e se essa diversidade será refletida em ações concretas que beneficiem a população de Porto Alegre. Outro ponto a ser observado é quais vereadores de fato vão permanecer na Câmara ou vão assumir cargos na Prefeitura e deixar a cadeira para os suplentes.