Estudantes aprendem sobre coleta seletiva durante Semana do Meio Ambiente

Em 2024, Porto Alegre contabilizou 233 pontos crônicos de descarte irregular, totalizando mais de 250 toneladas de resíduos que poderiam ter sido reciclados

Jornalismo Especializado

Ação da Semana do Meio Ambiente em escola municipal de Porto Alegre. Foto: Alex Rocha,PMPA

Por Gabriel Miranda

Uma série de atividades em escolas municipais de Porto Alegre celebram a Semana do Meio Ambiente, que encerra nesta sexta-feira (6), na capital gaúcha. Equipes de educadores do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) ministraram oficinas sobre a gestão de resíduos sólidos e a importância da coleta seletiva para a preservação ambiental.


A diretora de Gestão e Educação Ambiental do DMLU, Andréa Carla Ramme, destaca o potencial dos jovens como agentes de transformação cultural na forma de cuidar do meio ambiente. “Quando investimos na educação ambiental das crianças, estamos plantando sementes para uma mudança cultural profunda e duradoura. Elas têm a capacidade de inspirar suas famílias a adotar práticas mais sustentáveis”, diz Ramme.


Uma das escolas que recebeu a ação educativa foi a Escola Municipal de Ensino Básico Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, situada no bairro Sarandi, Zona Norte da capital. Na segunda-feira (2), a turma do 6º ano ouviu uma palestra sobre diferentes tipos de resíduos, os processos de reciclagem e a importância do descarte correto.
Apesar de reconhecer o valor das iniciativas deste tipo, a vice-diretora Anna Cervo chama atenção para uma realidade difícil. Os ensinamentos das palestras perdem força quando o cotidiano dos alunos apresenta uma realidade diferente.


“Temos as lixeiras para a separação, mas os estudantes veem que fora da escola o lixo é jogado tudo junto. Então, fica meio sem sentido, sabe?”, reflete. Cervo.


Localizado no extremo norte da cidade, o Sarandi é um bairro residencial de classe média baixa que historicamente enfrenta problemas relacionados à segurança, infraestrutura e regularização fundiária. A região carece de uma atuação mais eficaz dos órgãos municipais, refletida na poluição das ruas.


“A questão do lixo nos arredores da escola é muito preocupante. Em frente à escola passa um arroio, conhecido como ‘valão’. Estamos tentando mudar essa imagem, porque o valão transmite a ideia de sujeira… Os alunos ficam bastante indignados,” relata a vice-diretora.


Ela reforça um ponto fundamental: as crianças demonstram interesse pelo meio ambiente e desejam transformar essa realidade. Por meio de projetos que unem teoria e prática, os alunos participam ativamente das iniciativas da escola. Na horta comunitária, por exemplo, os jovens “botam a mão na massa” e compreendem na prática a importância de cuidar do ambiente.

A presença dos educadores do DMLU trouxe conhecimento teórico valioso, mas, na opinião de Cervo, esse incentivo deve ser constante. “Acho que sempre agrega. Se fizermos mais, conseguiremos fortalecer esse aprendizado, não apenas na Semana do Meio Ambiente. Seria interessante que o DMLU viesse com mais frequência e se engajasse de forma mais contínua nesse sentido”, diz.

A Prefeitura investe mensalmente cerca de 2 milhões de reais na limpeza de focos irregulares de lixo. Esses locais representam não apenas um gasto significativo para os contribuintes, mas também um prejuízo ambiental expressivo, envolvendo a contaminação do solo e da água, a proliferação de doenças e a degradação do ambiente urbano.

Em 2024, Porto Alegre contabilizou 233 pontos crônicos de descarte irregular, totalizando mais de 250 toneladas de resíduos que poderiam ter sido reciclados.