Prefeitura de Porto Alegre recolhe cobertores e pertences de pessoas em situação de rua 

Quatro pessoas que dormiam nas ruas morreram de frio desde o início da frente fria na capital gaúcha

Fernanda da Veiga

Reprodução Luciana Weber/Arquivo LabJ

Pessoas em situação de rua enfrentam grandes dificuldades para se proteger das ondas de frio e chuva em Porto Alegre. Em junho, a situação piorou, com relatos de que funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) têm retirado os pertences, como cobertores, casacos, blusas e calças doadasOs bens foram enviados para o lixo.

Uma política de preservação dos viadutos porto-alegrenses foi implementada pela prefeitura e divulgada no fim de maio. No Instagram, o executivo afirma que vai “alinhar medidas de segurança e requalificação dos locais”. Porém, os viadutos são uma proteção, já que as pessoas vulneráveis somam mais de 7 mil em uma capital que disponibiliza apenas 500 vagas em albergues.  

Os abrigos são poucos, tendo possibilidade de entrada até às 19h e não possuem vagas para suprir a demanda. Os locais distribuem cobertores e marmitas, porém muitos ainda precisam dormir nas ruas com esses objetos. É quando eles deixam suas coisas debaixo dos viadutos, que os funcionários do DMLU chegam e recolhem tudo que os as pessoas desabrigadas não conseguem carregar para ser descartado.  

O ativista Julio Ritta vem utilizando seu alcance nas redes sociais para denunciar o recolhimento dos objetos, que ele próprio ajuda a distribuir para as pessoas em situação de rua. Ele afirma que “mais do que nunca, a população de rua está sofrendo de uma maneira exagerada, desassistida e tornando cada vez mais vulneráveis aqueles que precisam da ajuda das autoridades e do poder público”. Julio afirma que está em curso uma “política de limpeza social fajuta”. 

Vídeos dessas ações acontecendo tem circulado nas redes sociais na última semana, algumas gravações foram feitas pelo jornalista Daniel Boucinha, dono do perfil de Instagram @revistafocopoa. O jornalista diz que “as pessoas estão morrendo de frio em Porto Alegre. Teriam que flexibilizar o horário de entrada, ter um transporte de acolhimento 24h e ampliação das vagas dos abrigos. Política pública e ações reais, mas a preocupação atual é “maquiagem” do espaço público”.