Podcast “Causa Mortis: Misoginia” denuncia um crime sem nome  

Série especial em três episódios aborda os casos de homens que matam os filhos para se vingar das mães

Fernanda Nascimento

Por Amanda Steimetz

Foto: Thayna Weissbach

Os irmãos Lucas e Mariah, o menino Theo, os irmãos Yasmin, Donovan, Giovanna e Kimberly e os gêmeos Bernardo e Vicente eram jovens com pouco ou nada em comum e se assemelhavam somente por serem crianças. Entretanto, os crimes que encerraram suas vidas tiveram a mesma motivação: o ódio às mulheres. Em todos os casos, os responsáveis pelos crimes optam por destruir a vida das mulheres matando o seu bem mais precioso: seus filhos. Para aprofundar o debate no assunto, o Laboratório de Jornalismo integrado da PUCRS (Lab J) produziu uma série especial de três episódios em podcast sobre violência vicária.  

O primeiro episódio, “Irmãos Luma” foi lançado hoje e traz o relato de Jane Soares da Silva, que teve seus dois filhos, Lucas e Mariah, mortos pelo genitor, Mário Eduardo Paulino. No dia 4 de fevereiro de 2019, os dois foram assassinados pela misoginia do ex-marido. A história de Jane é o ponto de partida da série. O segundo episódio discute a contribuição da utilização do conceito de alienação parental para o crime de violência vicária. A última produção aborda a necessidade de enquadramento do crime no Código Penal brasileiro. 

Violência vicária 

Na jurisdição brasileira, ainda não há uma denominação exata para crimes que tiveram essa mesma motivação e alguns casos são tratados como feminicídio indireto. Outro termo utilizado para titular o crime é violência vicária. Proposto pela psicóloga e pesquisadora argentina, Sonia Vaccaro, a definição possui origem da palavra latina “Vicarius”, que significa substituição de algo ou alguém. 

Bastidores da produção 

O projeto foi produzido durante dois meses pelas voluntárias do Laboratório, Amanda Steimetz, Manuela Cassano e Maria Luiza Rocha, estudantes de Jornalismo da Famecos. O trio realizou a produção e entrevistas. No processo de finalização do trabalho, as estagiárias Helena Herter e Thayna Weissbach colaboraram na edição e arte, respectivamente. A supervisão foi realizada pela professora Fernanda Nascimento. 

Maria Luiza, que participou de todas as etapas da produção falou sobre a importância de trazer visibilidade ao tema “Porque mesmo o tema sendo muito sensível, ele não é tão conhecido, né. Tanto que eu mesma aprendi muito participando dessa produção. Então gostei muito”. 

Além de Jane, foram entrevistados cinco especialistas: a promotora de justiça Ivana Bataglin, a advogada especialista em Metodologias Pacíficas para Evitar Litígios, Carolina Banciti, o psicanalista, Norton da Rosa, a coordenadora do Departamento de Vítimas Vulneráveis do Rio Grande do Sul, Tatiana Bastos e a Promotora da Mulher na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a deputada Bruna Rodrigues. 

Os episódios completos serão divulgados no spotify do Lab J.