Após  enchente, Museu da Comunicação passa por reformas e se prepara para reabrir ao público

A previsão é de que a reabertura completa ocorra entre o final de julho e o início de agosto.

Luciana Weber

Reprodução/Thierry de Deus

A casa da comunicação, no centro histórico de Porto Alegre, assim como outros pontos do bairro, foi diretamente atingida pela enchente de maio. O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, fundado em 1974, possui um extenso conjunto de peças que contam a história da comunicação gaúcha. Felizmente, todas essas amostras estavam em andares elevados do prédio e não sofreram danos diretos pelas águas, mas as estruturas do prédio sim. Wellington Silva, diretor do museu, falou para o Lab J sobre o impacto das enchentes e o plano de reabertura do museu.

A última vez que o público teve acesso ao prédio foi no dia 30 de abril. Desde então, o MuseCom, como também é chamado, não abriu mais as portas. No feriado de primeiro de maio, havia seguranças no local. Na sexta-feira, dia 3, Wellington contratou um serviço de vigilância para realizar rondas diárias no MuseCom e em outros museus que ficam na praça da Alfândega. De acordo com o diretor, as rondas eram feitas por motos e carros, mas logo passaram a ser de barco: “o Museu da Comunicação operou como uma espécie de QG dessa operação, porque a gente conseguia acessar pela rua Caldas Júnior. Pela Rua dos Andradas, a gente já não conseguia mais.”

Como prevenção, o museu já colocava os acervos nos andares mais altos do prédio. Porém, no subsolo, ficavam as obras para descarte, onde a água chegou a 1,60m de altura, segundo o diretor do museu.

Reprodução/Thierry de Deus

Prestes a completar 101 anos, o prédio possui uma subestação de energia no subsolo, que ficou completamente submerso. Isso resultou em danos ao sistema elétrico, além de afetar as estruturas de sustentação do museu: “passamos por vários processos de inspeções de diversas ordens, como a Secretaria de Obras do Estado, inspeção do abastecimento de energia por parte da concessionária e da própria CEEE Equatorial”, relata o diretor.

A falta de energia elétrica e de controle da refrigeração danificaram algumas peças do acervo. Jornais, por exemplo, enrugaram e tiveram letras borradas. Películas de filmes desenvolveram bolor nas latas de armazenamento. Estela Machado, uma das duas historiadoras encarregadas da manutenção dos filmes, contou que a equipe faz testes nos rolos para identificar o tamanho do estrago nas películas.

De acordo com diretor do museu, a primeira fase de revitalização, dedicada à mitigação dos danos imediatos, se concentrou na remoção do entulho acumulado no subsolo. Essa etapa também envolveu avaliações técnicas e a preparação para as próximas fases, incluindo a restauração do sistema elétrico, crucial para operações de drenagem. A segunda fase viu avanços significativos na limpeza e desinfecção das áreas inundadas, especialmente focadas na preservação dos acervos do cinema e da imprensa escrita. Esses acervos foram particularmente vulneráveis à umidade, sendo essencial o controle rigoroso de temperatura e umidade para evitar danos irreversíveis, como o crescimento de fungos.

A terceira fase, em andamento, está concentrada na digitalização do acervo e na finalização das obras de infraestrutura, essenciais para a reabertura ao público. Esta etapa envolve não apenas a restauração física, mas também a digitalização de jornais raros e da documentação detalhada para atualização das bases bibliográficas e digitais do museu. Apenas com contratações externas para a revitalização do museu, Wellington estima investimentos entre 100 e 150 mil reais. 

Os quase 30 funcionários ainda não voltaram totalmente ao prédio. Desde o dia 17 de junho, o diretor, equipes técnicas e funcionários terceirizados trabalham para finalizar as obras: “a gente não finalizou o plano de retomada para ter as condições de oferecer todos os serviços ao público, então a gente ainda não está aberto” Esse período é crucial para garantir que todas as áreas, incluindo exposições e serviços ao público, estejam totalmente operacionais e acessíveis”.