Candidaturas que miram na juventude renovam Câmara de Vereadores

Giovani Culau Oliveira (PCdoB) foi reeleito com 4.902 votos; político conta em entrevista que busca responder “angústias” do jovens

Andrei dos Santos Rossetto

Reportagem de Manuella Dutra Ferronato 


 Foto: Leonardo Lopes

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um crescimento significativo no engajamento político dos jovens. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o alistamento eleitoral de jovens de 16 e 17 anos aumentou 78% em 2024 em relação a 2020, com mais de 1,8 milhão de aptos a votar. De acordo com o órgão, na faixa etária de 18 a 24 anos, são 18,3 milhões de votantes. 

Candidatos que se dirigem diretamente aos jovens, abordando temas como educação, emprego e meio ambiente, têm conquistado apoio na capital gaúcha. A nova composição da Câmara de Vereadores de Porto Alegre para 2025 conta com 35 membros, entre os quais ao menos três se destacam por sua luta em prol da causa LGBTQIA+, Giovani Culau (PCdoB), Natasha Ferreira (Psol) e Atena Roveda (Psol). Esses vereadores se comprometeram a promover a igualdade de direitos e a combater a discriminação, trazendo vozes diversas e representativas para as questões que impactam a comunidade. Além disso, eles têm se dedicado a engajar os jovens nas discussões políticas. 

O vereador Giovani Culau Oliveira, de 30 anos, destaca-se como o vereador mais jovem da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e é o primeiro vereador assumidamente gay a defender a luta LGBTQIA+ como uma bandeira importante em seu mandato. Com uma estatura baixa, olhos verdes e cabelo preto, ele frequentemente se apresenta em público usando um blazer rosa, simbolizando sua defesa das causas sociais.  

Em 2024, ele foi reeleito com 4.902 votos. Culau destacou a necessidade de uma representação mais significativa de grupos que, muitas vezes, não têm sua voz adequadamente ouvida na política.  

Giovani também abordou questões urgentes enfrentadas pela juventude. “A juventude enfrenta angústias significativas, especialmente após a tragédia climática em Porto Alegre. A defesa do meio ambiente e a justiça climática são prioridades em um mandato coletivo na Câmara, que critica a urbanização focada em interesses imobiliários, em detrimento da redução da poluição. A falta de políticas públicas e a repressão limitam o acesso da juventude à cultura e ao lazer. Defendemos uma cidade onde todos possam ser felizes e ocupar espaços públicos, sem depender de eventos privados”, diz.  

Por fim, Culau enfatizou a necessidade de um diálogo mais próximo com os jovens. “Dialogar com a juventude envolve um combate com doses de humor e ironia, trazendo suas pautas e linguagem para o ambiente político, que geralmente tem baixa participação juvenil. Utilizamos plataformas como TikTok e Instagram para inserir os símbolos da juventude na política, buscando não apenas apresentar suas bandeiras, mas também promover uma forma dinâmica de comunicação e interação. As redes sociais são, portanto, essenciais na construção do nosso mandato”, disse o vereador. 


A estudante do terceiro ano do ensino médio, Fernanda Rinco Tombini, 18 anos, compartilhou suas preocupações sobre o cenário político atual. “Para mim, o que mais me preocupa é a falta de postura entre os candidatos. Um exemplo claro está no último debate para governador de São Paulo, onde vimos o infeliz incidente da cadeira. Em que mundo um candidato prioriza atacar e xingar seu oponente? Hoje, o foco está em desmerecer os adversários, e não em mostrar seus projetos para a sociedade e planejar um futuro de melhorias. A falta de candidatos honestos e políticos que objetivam ajudar a sociedade me preocupa”, disse a estudante. 


Sobre as mudanças que ela gostaria de ver na política brasileira, Fernanda comentou: “Gostaria que houvesse mais seriedade e padrões, permitindo que apenas pessoas preparadas, com porte político, pudessem se candidatar. Assim, a política seria considerada coisa séria. Se os candidatos focassem em defender suas ideias e a classe que representam, mostrando que querem mudar e melhorar a sociedade, a população brasileira, ao não se deparar com acusações chulas e brigas ridículas, começaria a considerar a política com a real importância”, opina a jovem. 


Sobre a influência das redes sociais em sua visão política, a jovem diz que as redes sociais não são confiáveis. “Atualmente, eu me recuso a acreditar em notícias que vejo no Instagram, Twitter e Facebook. A propagação de fake news, infelizmente, impossibilitou o uso de grandes ferramentas da informação. Então, só acredito em informações depois de comprovar, pelo Google, em pelo menos três sites diferentes”, falou. 
 

Reportagem produzida para a disciplina de Reportagem e Entrevista, sob supervisão da professora Paula Sperb.