Eleições em Porto Alegre: pessoas em situação de rua pedem mais atenção

O Lab J visitou a sede do Jornal Boca de Rua e conversou com três integrantes que compartilharam suas opiniões sobre a política municipal.

Andrei dos Santos Rossetto

Reportagem de Rudá Portanova

Foto: Pedro Pereira

As dores, sentimentos e pensamentos de pessoas que vivem em situação de rua frequentemente são ignorados na sociedade. Esse grupo, muitas vezes invisível sob o olhar do poder público, precisa ter suas demandas escutadas. A campanha eleitoral chegou ao fim neste domingo (27). O Lab J visitou a casa Alice – sede do jornal Boca de Rua – e conversou com três integrantes do Jornal que, com o olhar de quem sofre com o abandono social, expuseram as suas opiniões sobre a eleição de Porto Alegre.  

O desamparo com as pessoas em situação de vulnerabilidade social foi uma das principais demandas dos entrevistados. É o caso de Gilberto Bitencourt, de 48 anos, que vive em situação de rua. Ele foi pela primeira vez às reuniões semanais do Jornal naquela tarde de terça-feira. Gilberto acredita que quem governou o cidade de Porto alegre nos últimos anos tratou com desleixo as pessoas em situação de rua: “Temos o problema com a mobilidade na cidade e o problema da falta de moradia que é resultante do descaso político. Eles preferem lucrar, independente se vidas precisam ser ceifadas para atingir o objetivo.”

Já para um dos mais longevos integrantes do Boca, Diogo Macedo, de 46 anos, o que precisa ser melhorado é atenção às pessoas que vivem à margem: “Precisamos ser mais ouvidos, assim podemos mudar as coisas.”

A insatisfação é resultado da falta de políticas públicas eficazes direcionadas a esses grupos. Por outro lado, o favorecimento do poder público às classes sociais com mais poder aquisitivo gera revolta. Michelle dos Santos, de 41 anos, integrante do Jornal Boca de Rua desde seu início em 2000, reclama da atual gestão da prefeitura de Porto Alegre: “A gente sempre fica por último. A gente tem movimentos como o Movimento Nacional das Pessoas de Rua , que é através deles que a gente tenta chegar nas políticas públicas, isso pode dar uma melhorada na situação. O povo da rua precisa de oportunidades para mudar de vida”.

É consenso entre os entrevistados que é muito importante um jornal como o Boca de Rua tratar nas suas edições sobre a política da capital (tema da próxima edição). Para Gilberto, ao tratar de temas como esse, ”o Boca pode influenciar pessoas que desacreditam do voto, para exercer seu direito eleitoral,” diz. 

A fachada do prédio que sedia as reuniões do jornal tem a identidade muito bem definida, baseada em união e força popular, simbolizadas nas seguintes frases: “ Quando nos unimos deixamos de ser invisíveis, enfrentamos o preconceito com voz forte na luta pelo direito à justiça social. Quando nos unimos revelamos o que a sociedade não vê.“ 

Além deste texto, o J também produziu uma reportagem em vídeo. Você pode conferir no link abaixo.

Link para reportagem em vídeo: 

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