Famecos recebe o 12° Fórum Internacional do Meio Ambiente com participação de líder Yanomami

O indígena destacou os desafios enfrentados por sua comunidade e falou sobre a importância do apoio de profissionais da comunicação para a proteção do meio ambiente

Felipe Teixeira

Por Felipe Silva Teixeira

Publicado originalmente em 13 de Março de 2024

Participantes do 12° Fórum Internacional do Meio Ambiente compõem a mesa do auditório da Famecos | Foto: Giovanna Brambilla

O auditório da Escola de Comunicação, Artes e Design — Famecos recebeu o 12° Fórum Internacional do Meio Ambiente, que abordou o tema: “Água e Energias Renováveis”. A primeira noite do evento teve como destaque o líder indígena Yanomami e presidente do Conselho Distrital Yanomami, Junior Hekurari Yanomami.

A professora e decana da Famecos, Rosângela Florczak, abriu o evento com um discurso de união dos profissionais de comunicação ao tema meio ambiente. “Entendemos que no meio acadêmico nada se faz sozinho. Se nós não estivermos unidos como sociedade, o tema não anda”, reforçou.

Seguindo as falas de abertura do fórum, a professora e doutora em comunicação pela UFRGS, Ilza Girardi, destacou a importância dos povos indígenas na preservação das florestas. Ela defendeu ainda a necessidade de se reconhecer e valorizar os conhecimentos e práticas tradicionais desses grupos para a proteção do meio ambiente. “Graças aos indígenas, conseguimos manter nossas florestas de pé”, disse Ilza.

A partir disso, o líder indígena Junior Hekurari iniciou os relatos da situação em que vive o povo Yanomami. Ele trouxe à tona os desafios enfrentados por sua comunidade que luta todos os dias contra a contaminação dos rios devido à presença de garimpeiros, bem como as altas taxas de mortalidade infantil decorrentes da desnutrição e de doenças como malária e pneumonia. Além disso, reforçou a necessidade do engajamento dos jornalistas pela causa e clamou por apoio governamental para proteger a sua comunidade. Por fim, Hekurari ressaltou a situação das mulheres indígenas, que também sofrem na presença dos garimpeiros. Elas são cooptadas para o trabalho no garimpo e, chegando lá, são forçadas a se prostituírem.

Ilustrando essa realidade, um vídeo documental foi exibido, mostrando o trabalho dos mineradores em território indígena e o impacto devastador que essa atividade ilegal tem sobre a população nativa. O conteúdo revelou o contraste sobre as condições precárias em que vivem os Yanomamis diante da invasão de seu território. “Não compre ouro, pois isso financia o trabalho dos mineradores na terra Yanomami”, apelou Hekurari, após a transmissão do documentário.

Para encerrar a primeira parte do evento, foi mostrada uma apresentação detalhada que revelou estatísticas obtidas a partir da realidade vivida pelo povo Yanomami. Esses números reforçam a urgência de ações concretas para proteger essa comunidade vulnerável e preservar sua cultura e modo de vida. “É importante a função do jornalista mostrar o que acontece no território indígena. As autoridades só fazem algo a partir do que os jornalistas divulgam”, concluiu o líder indígena.