Guto Rotta, um piloto promissor no automobilismo brasileiro

Gaúcho natural de Encantado é figura em ascensão na Stock Car

Andrei dos Santos Rossetto

Texto de Tamires Roldão

Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Augusto Olsefer Rotta, mais conhecido como Guto Rotta, é um nome que ressoa nos corações dos fãs de automobilismo brasileiro. Nascido em Encantado, Rio Grande do Sul, sua paixão pelas corridas começou cedo. Desde as primeiras competições de kart, ficou claro que Rotta tinha talento para dominar as curvas e desafiar os limites da velocidade. Ele conquistou diversos títulos ao longo de sua carreira: foi sete vezes campeão gaúcho, três vezes campeão das “12 horas de Tarumã” e uma vez campeão brasileiro de Turismo 1.4.

Na Stock Series, Rotta brilha como uma estrela em ascensão, desafiando veteranos e impressionando multidões com suas habilidades dentro e fora das pistas. Sua determinação e sua mentalidade centrada o tornaram um competidor capaz de superar os obstáculos mais difíceis.

Fora das corridas, ele é conhecido por sua humildade e carisma, ganhando o respeito e a admiração não apenas de seus colegas pilotos, mas também dos fãs que o veem como um exemplo de dedicação e profissionalismo.

Abaixo, os principais trechos da entrevista com o piloto.

O que te motivou a começar no automobilismo?

O que me motivou foi o meu pai, na verdade. Foi a paixão que ele tinha por corrida. Desde antes de eu nascer ele já competia em diversas categorias como moto e carro. Então, foi isso aí que me motivou.

Desde qual idade tu corres?

Comecei a correr com dez anos e, claro, por influência do meu pai.

Qual o motivo por trás da escolha do número 29?

O 29 é meu aniversário. Quando eu tinha quatro anos eu ganhei um kart e uma moto. Meu pai me perguntou qual número que eu queria e eu falei 29. Desde então sigo escolhendo esse número que me deu tanta sorte.

Como conciliava sua adolescência e seu trabalho?

Sempre tivemos muito cuidado, principalmente na época do colégio. Meu pai não gostava muito de me tirar [da aula] na quinta-feira ou na sexta-feira para viajar para as corridas. Normalmente a gente ia no máximo dos máximos na sexta-feira na época do colégio, porque meu pai sempre deu muita preferência para o estudo. Já na época da faculdade, quando eu fazia Engenharia Mecânica na PUCRS, era um pouco mais complicado, por que nessa época eu já corria pelo campeonato brasileiro então acabava ficando uma semana fora às vezes, por isso tranquei.

Qual sua pista favorita e por quê?

São duas, na verdade: Tarumã e Guaporé. Tarumã porque é um circuito de alta velocidade, eu gosto muito de curvas de alta. E Guaporé é porque é muito próximo da minha cidade, Encantado, que é a cidade que eu represento, e ali eu acabo sempre me destacando demais. Fui o único piloto que ganhou quatro corridas no mesmo dia em Guaporé.

Como foi continuar no automobilismo durante a pandemia?

O automobilismo na pandemia foi meio complicado, mas essa foi uma época que eu fui por uma categoria diferente também, acabou sendo tudo novo. Lembro que toda vez tínhamos que fazer teste de Covid antes de ir para as corridas, então acabava sendo até meio chato incomodava no nariz e era sempre uma função, esse campeonato que eu corri que era turismo nacional sempre tomou muito cuidado em relação à época da pandemia.

Já pensou em mudar de carreira?

Avançar por categoria, sim; mas mudar de carreira e deixar de ser piloto, jamais. Nunca pensei nisso, é meu sonho há muito tempo e agora estou vivendo isso. Hoje em dia eu posso dizer que é uma das coisas que mais traz felicidade e até união para minha família, sabe?

Como foi pilotar nas 12 horas de Tarumã? E a sensação de ser campeão três vezes?

GAs 12 horas de Tarumã é uma competição muito clássica, e com 20 anos, eu já fui três vezes campeão. Que eu saiba, ninguém realizou esse feito antes. Então eu fico muito feliz, muito grato, e eu acho que é muito bom.

Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Como foi ser campeão brasileiro de turismo 1.4?

Isso era um sonho meu, ser campeão brasileiro, independente da categoria, e teve um gostinho melhor ainda sendo na Turismo 1.4, uma das categorias mais acirradas e com mais pilotos de alto nível. Por mais que não tenha muita visibilidade, é uma categoria de altíssimo nível e muito difícil de ganhar. Então foi maravilhoso, realizei um sonho sendo campeão brasileiro, algo que eu almejava desde que eu comecei no kart.

Durante seu amadurecimento, tens algo que se arrepende de ter feito ou de não ter

feito?

Nunca me arrependi de ter feito ou não ter feito algo. Claro, em algumas etapas, acontecia alguma batida que eu podia ter evitado, e isso gostaria de voltar para trásMas se tu me perguntares hoje em dia, não me arrependo, porque cada erro na verdade, foi um aprendizado diferente para eu me tornar a pessoa que sou hoje dentro e fora das pistas. Isso faz muita diferença. Em muitas situações tu bates, mas naquela batida tu aprendeste que um posicionamento errado numa condição de pista que não era ideal, ali tu não podes mais fazer. Dificilmente eu faria de novo o que eu aprendi com algum erro, entendeu?

Quais são seus planos para os próximos 5 anos?

Agora chegou a pergunta mais legal. Meu plano atual é ser campeão, mesmo sendo estreante. É ser campeão geral da categoria, para conseguir a tão sonhada vaga para Stock Car de 2025, que é o meu sonho. Esse é o meu maior sonho dentro do automobilismo. Chegando ali eu não pensaria nem em avançar mais. Mas, claro, a gente pensa numa evolução. Mas me manter uns cinco anos dentro da Stock Car e acabar podendo viver de corrida, ganhando, fazendo meu salário dentro da corrida e andando em diversas categorias que me convidassem [seria um sonho]. Em corridas como uma dupla, sendo pago pra isso, tendo um trabalho. E, na Stock, claro, correndo sozinho e almejando ser um tetracampeão.

Entrevista produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado, sob supervisão da professora Paula Sperb.