Mãe e filha abrem as portas da casa para pacientes mentais em Porto Alegre

Inaugurada em 1977, casa funciona em regime de internato e permite convivência dos pacientes com famílias biológicas

Andrei dos Santos Rossetto

Texto de Raíssa Juliane Baptista de Mattos

Foto: Moradores da Casa Minho e do Idoso Carente Santa Rita de Cássia / Arquivo Pessoal, Divulgação. 

Observando a dificuldade das famílias pobres em cuidar de seus parentes com doenças mentais, a enfermeira aposentada Marlene Silva Machado acolheu na sua própria casa pacientes nessas condições.

Com vasta experiência na área da saúde mental, trabalhando no Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre, ela decidiu ajudar as famílias que não tinham condições de cuidar de seus familiares.

Sua residência abriu as portas para os pacientes psiquiátricos em 1977, transformando a rotina dos novos moradores que continuam mantendo o vínculo regular com suas famílias biológicas. Assim nascia a Casa Minho e do Idoso Carente Santa Rita de Cássia. Atualmente, o local necessita de voluntários para ajudar no cuidado dos moradores.

Alcides Sogrinho, de 87 anos, é o paciente mais antigo e o primeiro a se mudar para a casa de Marlene. Ele chama o espaço de “seu lar”.  O projeto funciona em regime de internato, buscando dar todo o auxílio às necessidades básicas dos cinco moradores, zelando por sua integridade, física, emocional e mental.

O projeto iniciado por Marlene agora é conduzido por sua filha, Lilian Jocelaine Silva Machado, e a sobrinha, Rosane Terezinha Silva. As duas contam que a experiência de cuidar de pacientes com necessidades especiais não é nada fácil. Elas relatam que a rotina é, por muitas vezes, cansativa, já que são as únicas trabalhando na casa. Infelizmente, não há voluntários no momento.

Quando perguntada se sente “amor” pelo que faz, Lilian surpreende ao responder “não”. Ela explica: “Não amamos o que fazemos. Mas amamos eles [os moradores]. Logo, tudo é feito com muito carinho e dedicação sempre. Estamos sempre presentes em todos os momentos. Desde viagens a festas de aniversário e festas de final de ano. Já não temos mais um vínculo de paciente e cuidador, somos todos uma grande família!”.

A casa sempre busca parceria com os órgãos competentes, auxílio de assistentes sociais e empresas particulares que prestam serviço voluntário.  O atendimento médico é fornecido pela Unidade Básica de Saúde São José (UBS) e pelo do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), do Hospital São Pedro, que faz visitas semanais para terapia ocupacional.

“Se pudéssemos, escolheríamos uma vida diferente. É muito trabalhoso, mas estamos aqui por eles”, conta Lilian.

Serviço:

O contato para doações e voluntariado deve ser feito pelos telefones (51) 3318-1107 e (51) 9913-6667.

Entrevista produzida para a disciplina de Reportagem e Entrevista, sob supervisão da professora Paula Sperb.