O jornalismo investigativo está no DNA de Caco Barcellos

Durante mais de duas horas, o jornalista da Rede Globo conversou com estudantes no Auditório da Famecos

Redação labJ

TEXTO: Theo Giacobbe – originalmente portado em 13/07/2023 (Medium Lab J).

Apesar de dia chuvoso, presença de Caco Barcellos trouxe estudantes de diversas instituições para o auditório / Fotografia: Felipe Silva Teixeira

“A essência do jornalismo é a exposição do contraditório. Na busca do contraditório, você chega mais perto da verdade.” A frase é do jornalista Caco Barcellos, que esteve no Auditório da Famecos na tarde desta quinta-feira para conversar com estudantes. O jornalista, que é diretor do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, retorna à PUCRS para receber o prêmio Alumni 2023 na categoria Comunicação, concedido pela universidade a ex-alunos com atuação relevante na sociedade brasileira.

Durante o bate-papo, Barcellos falou sobre sua primeira matéria publicada, sobre as pessoas e histórias que conhecia enquanto trabalhava como taxista. Porém, achou que o seu emprego seria incompatível com a atividade de repórter. “Quando foi publicada a minha primeira reportagem, achei que as portas do jornalismo iriam se fechar para mim”. Em outro momento, ele destacou que muitas pessoas pensam que o gênero de reportagem é o jornalismo em sua integralidade, quando, na verdade, as redações estão tomadas pelo jornalismo de opinião e reflexão. “Apanhei bastante por pessoas que não sabem que quem faz reportagem não dá opinião”, afirmou o jornalista.

Ao ser perguntado se acredita que a televisão vai perder cada vez mais espaço para as redes sociais, Barcellos não hesitou. “A rede aberta continua muito ativa. Não acho que ela vai acabar”. Além disso, acrescentou que não quer seu conteúdo nas redes sociais pela falta de remuneração. “As transnacionais não pagam. Eu torço para que seja profissionalizado”.

Sobre seu livro de reportagem investigativa Rota 66 — A história da Polícia que Mata, Barcellos relatou sobre a covardia praticada pela polícia com o dinheiro do Estado. “Os trabalhadores de baixa renda são pagadores de impostos. A polícia mata quem paga o salário deles, isso é um contrassenso”. Barcellos, brincando com uma pergunta feita pela plateia, deu um conselho aos que se interessam pelo gênero de reportagem investigativa. “Para quem busca uma carreira na reportagem investigativa é preciso ter três características: persistência, persistência e persistência”.

Caco Barcellos já faz reportagens há mais de 50 anos / Fotografia: Felipe Silva Teixeira

O bate-papo foi mediado por Rosângela Florczak, decana da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos), e por Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, coordenador executivo do Delfos (Espaço de Documentação e Memória Cultural) e professor da Escola de Humanidades.

Caco Barcellos, formado em jornalismo pela PUCRS em 1975, está no comando do programa Profissão Repórter desde 2006, na época como um quadro do Fantástico, tornando-se dois anos depois um programa fixo na emissora. Ao longo de sua carreira, o jornalista foi premiado seis vezes e recebeu uma menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog em três categorias diferentes: Revista, Reportagem de TV e Livro-reportagem. Além disso, ganhou o prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) três vezes por duas obras. O livro Rota 66 — A história da Polícia que Mata, em 1993, venceu a categoria Reportagem, enquanto Abusado — O Dono do Morro Dona Marta, além de conquistar a mesma categoria, também venceu o prêmio de Livro do Ano de Não Ficção, em 2004.

A cerimônia de entrega do Prêmio Alumni PUCRS foi programada para a noite dessa quinta-feira. Além de Barcellos, outros dois profissionais formados pela Famecos foram premiados: Israel Mendes pela categoria Inovação e Empreendedorismo, Alumnus PUCRS de graduação em Publicidade e Propaganda e mestrado em Escrita Criativa, e Eliane Brum na categoria Arte e Cultura, Alumna PUCRS de jornalismo.