Opinião: “O Macaco” falha em tudo que se propõe

Artigo analisa filme de terror baseado em conto de Stephen King

Jornalismo Especializado

“O Macaco”, estrelado por Theo James, é praticamente um teste de resistência . Foto: Divulgação Paris Filme

Por Ritiele Rodrigues


Minha última ida ao cinema foi, no mínimo, traumatizante. Com horário livre antes da minha primeira aula, fui assistir um filme de terror — ou pelo menos era esse o gênero. Mas o único medo que senti foi pelo nível da produção. “O Macaco”, estrelado por Theo James, é praticamente um teste de resistência para quem decide não sair da sala antes do final.
Baseado em um conto de Stephen King com o mesmo nome, o filme acompanha os irmãos gêmeos Hal e Bill. Quando eles mexem nos pertences do pai, encontram um macaco de brinquedo, que se revela assassino. Ao contrário do carismático “Chucky”, de 1988, o objeto maligno de “O Macaco” é apenas um coadjuvante. O foco da trama é relação entre os irmãos.
O filme é dividido em dois tempos, o passado e o presente. Na adolescência, os irmãos são interpretados por Christian Convery. A atuação dele é o único ponto positivo na produção. Serviria como exemplo para James, que interpreta os gêmeos adultos. Convery dá dinamismo ao roteiro e diverte em seus primeiros minutos. A atriz Tatiana Maslany interpreta “Lois”, a mãe das crianças. Theo James não deve ter assistido “Orphan Black”, onde Maslany impressiona com sua interpretação de 17 clones na série. Os gêmeos adultos do ator são caricatos, não encantam, entregam nada, são rasos. A única diferenciação que James foi capaz de encenar foi tirar os óculos e colocar uma peruca.
Todo o suspense que Stephen King cria em seu conto é anulado pelo diretor Osgood Perkins. Apesar do seu último trabalho ser um thriller apaixonante — “Longlegs – Vículo Mortal” —, Perkins não consegue repetir o resultado. “O Macaco” falha em tudo que se propõe, ser um filme de terror, de comédia, ser engraçado, dar medo, ser slasher. Você sai da sala de cinema intrigado: “O que diabos esse diretor queria?”.
Pela filmografia de Perkins, pelo histórico de boas adaptações das obras de Stephen King e pelo trauma causado em “Toy Story 3” — quando vemos esse macaco assustador pela primeira vez — as expectativas eram altas. São muitas tentativas, nenhuma conclusão. Há momentos que o espectador se irrita. Pessoas ao meu lado, na sessão de cinema, suspiravam com a decepção. Caso este fosse um espaço para indicações do Framboesa de Ouro, aqui estaria minha sugestão.