Opinião: “Vitória” não é filme para Oscar

Jornalismo Especializado

Fernanda Montenegro atuando no filme “Vitória”. Crédito: Globoplay, Divulgação

Por Giulia Koller


Desde que o filme “Ainda Estou Aqui” conquistou o merecido reconhecimento do público e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, as produções cinematográficas brasileiras ganharam mais estímulo para investir na divulgação dos longas.
O filme brasileiro do momento é Vitória. Desde que foi lançado em março, mais de 500 mil espectadores foram assistir à produção nos cinemas, acumulando mais de 10 milhões de reais em arrecadação de bilheterias em apenas dezenove dias. Não dá para negar que Vitória tem sido um fenômeno nas telonas — mas será que isso é capaz de levar o filme ao Oscar?
Com protagonismo de Fernanda Montenegro, direção de Andrucha Waddington e atuação de Alan Rocha, Vitória conta a história de uma mulher que, da janela de seu apartamento, filmava as movimentações do tráfico de drogas na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, no Rio de Janeiro dos anos 2000.
Aos 80 anos, a idosa reuniu mais de uma dezena de fitas VHS na tentativa de denunciar as operações do tráfico, associadas à política corrupta da Polícia Civil carioca. Depois de mais de 10 anos tentando denunciar o que acontecia logo em frente à sua janela, a mulher decidiu registrar todos os acontecimentos.
Depois de algum tempo fazendo as filmagens, as fitas caíram na mão de Fábio Gusmão, jornalista interpretado por Alan Rocha. Juntos, eles conseguem denunciar todo o esquema criminoso que acontecia na Ladeira. Logo após a publicação da reportagem, a idosa ingressou no programa de proteção à testemunha, sendo rebatizada com o nome Vitória.
Fernanda Montenegro entrega mais uma atuação impecável, emocionante e, segundo ela, seu último trabalho em um filme de drama. Alan Rocha também chamou atenção, sendo elogiado pela veracidade que conseguiu transmitir ao interpretar o jornalista Fábio Gusmão, copiando até seus trejeitos.
A direção de Andrucha Waddington deve ser aclamada. Na trama, é possível reconhecer o Brasil dos anos 2000, com o impecável uso de figurinos, maquiagens, carros e estilos da época.
Mas será que, mesmo com um trabalho desse nível, é possível o filme chegar ao Oscar 2026? Acredito que não. Mesmo com uma história interessante e comovente, o longa demora para engrenar e para cativar o público.