Voluntários criam bases de atendimento nas ruas de Porto Alegre

A população se mobiliza para ajudar as mais de 12 mil pessoas desabrigadas na capital gaúcha

Andrei dos Santos Rossetto

Reportagem de Filipe Munari

Rua Conde de Porto Alegre, no bairro Floresta | Foto: Filipe Munari

Uma das dezenas de bases montadas na Capital fica na rua Conde de Porto Alegre, no Bairro Floresta, um dos mais atingidos pelas águas do Lago Guaíba. Em meio à catástrofe, dezenas de voluntários se mobilizam para realizar resgates, primeiros socorros e deslocamentos até os abrigos da capital.

A advogada Gabriela Fraga, de 39 anos, trabalha acompanhada do marido. O casal mora na zona Sul de Porto Alegre e atravessou a cidade para realizar salvamentos com botes infláveis. “A comunidade, é só ela que está fazendo”, desabafa a voluntária.

Grabriela Fraga faz resgates em um bote inflável | Foto: Filipe Munari

O sentimento é o mesmo do médico Maurício Cardozo, de 36 anos. “As pessoas estão ajudando com o que podem, seja uma água, um sanduíche, um apoio ou uma palavra de acolhimento”, destaca o voluntário. A tarefa do Maurício é fazer os primeiros socorros nas pessoas desabrigadas e nos voluntários que entram em contato com a água da enchente. “A gente acolhe e recebe elas, dá os primeiros atendimentos que são necessários”, esclarece o médico. “Estamos montando uma força tarefa, nos dividindo nos pontos onde há necessidade de atendimento médico”.

Quem precisou deixar tudo para trás, custa a acreditar. “Não imaginava que isso tudo fosse acontecer”, relata Naiara Maria Schuck. A professora aposentada, de 67 anos, precisou sair de casa com o filho, Ângelo, e mais três cachorros. “Vi os condôminos saindo e a água subindo, então achei que teria que sair também […] sem água e sem luz, achei que teria que sair também”. Moradora do bairro São Geraldo, um dos mais afetados pela enchente, ela comenta que o marido está “preso” no Rio de Janeiro com o fechamento do aeroporto Salgado Filho. “Ele não pode voltar ainda, marcou para semana que vem, mas acredito que não deva voltar, que não consiga”, conta Naiara.

Naiara Schuck saiu de casa com o filho e os três cães, Prana, Tupaia e Pepi | Foto: Filipe Munari

Só na capital, mais de 12 mil pessoas estão em 124 abrigos espalhados pela cidade. Muitos desses locais operam com capacidade máxima e escassez de recursos básicos. As maiores necessidades são colchões, roupa de cama e de banho, cobertores, água potável, ração animal e cestas básicas fechadas. Existem diversos pontos de coleta na capital gaúcha, os principais são os da Defesa Civil Estadual e Municipal:

Centro Logístico da Defesa Civil Estadual: Avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre. Das 8h às 18h. Telefone: (51) 3210–4255

Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS): Avenida Ipiranga, 5311. Funcionamento 24h (drive-thru para receber as doações).

Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS): Avenida Santana, 440. Funcionamento das 9h às 18h.

Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers): Rua Coronel Corte Real, 915, 24 horas. À noite, a entrega deve ser feita no estacionamento em frente, na Rua Corte Real, 968.

Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers): Rua Bernardo Pires, 415, das 9h às 19h.