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Reportagem por Pedro Pereira

Reprodução / Mighel Erling

Nesta quinta-feira (7), a primeira edição do Festival Universitário de Cinema e Audiovisual (FUCA) contou com a presença de Jorge Furtado, diretor e roteirista gaúcho. Autor de obras de sucesso como “Ilha das Flores” (1989) e “O Homem Que Copiava” (2003), Furtado participou de um bate-papo com universitários de diferentes instituições de ensino com mediação de Helena Stigger, coordenadora do curso de Produção Audiovisual da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Antes do bate-papo, os curtas “O Sanduíche” (2000) e “Até a Vista” foram exibidos para a plateia, que recebeu o cineasta com aplausos. Ao final do evento, Jorge recebeu uma placa de menção honrosa em sua homenagem.

Momentos antes de sua participação no evento, Jorge Furtado concedeu uma entrevista exclusiva ao Laboratório de Jornalismo Integrado (Lab J) da Famecos, conduzida por Júlia Dorigon, estudante de Produção Audiovisual na PUCRS. Produzida pelos estudantes de jornalismo David Ferreira, Pedro Pereira e Rudá Portanova, a entrevista foi supervisionada pelo professor Andrei Rossetto.

Abaixo estão alguns trechos da conversa. Você pode conferir a entrevista na íntegra no canal do Youtube do Lab J.

Quais as tuas perspectivas para o audiovisual gaúcho e brasileiro?

Eu acho que a gente tá num momento bem difícil, bem complexo. Eu tenho medo que a ideia, quer dizer, medo não, mas uma sensação assim que a ideia que a gente tinha de cinema, como se eu vou fazer um filme, contar uma história para ser visto numa tela grande, numa sala escura, em silêncio. Eu não sei se essa coisa vai sobreviver por muito tempo ainda. Eu espero que sim, porque a experiência do cinema é muito transformadora. […] O mundo do audiovisual mudou bastante. E a economia também mudou bastante. Sempre vamos precisar de contadores de histórias, gente que goste de contar histórias. E sempre vai ter gente querendo contar histórias com audiovisual, porque é tão poderoso o cinema. O negócio, essa junção da imagem, da palavra, da música, de tudo junto que o cinema é. É tão poderosa que sempre vai ter gente que vai ser motivada por isso e vai querer fazer também, né?

A gente consegue perceber dentro das suas obras fragmentos de ti. Por exemplo, “Até a Vista” é uma história que aconteceu contigo, de certa forma. A gente escutou isso em uma entrevista tua. E o “Homem que Copiava” também, tu relataste que foi uma história inspirada em um colega de trabalho. Como tu vês essas fronteiras entre imaginário e realidade e como que tu nutres as histórias que tu contas?

Eu acho que a gente conta histórias por três motivos. As histórias podem fazer três coisas. Elas podem nos ensinar sobre as pessoas, sobre os outros, sobre o mundo e a vida. Elas podem nos ensinar sobre nós mesmos. E elas podem nos ensinar sobre as histórias, sobre o ato de contar histórias. São três coisas que as histórias fazem. Eu gosto quando elas fazem as três coisas ao mesmo tempo. Quando ela me ensina alguma coisa sobre mim mesmo, ela fala de uma coisa minha, que ela parte de uma coisa minha. […] Mas, ao mesmo tempo, ele fala de outras pessoas, que não têm nada a ver comigo. Então é essa mistura que a gente tem que fazer sempre. Eu acho que a criação é sempre uma mistura de observação, de invenção e de memória. São as três coisas. São coisas que você lembra que aconteceram. Em todos os meus filmes tem coisas que eu identifico muito, isso aconteceu comigo essa cena. O resto, não. Mas essa cena, sim. Então é essa mistura. No fim, quando a gente termina, a gente não sabe mais bem o que era uma coisa, o que era outra, o que eu inventei, o que eu me lembrei.

Confira a entrevista na íntegra abaixo:

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